Pesquisadores do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade – Nupem/UFRJ publicaram na revista internacional Viruses artigo que ajudará médicos a diagnosticarem a ocorrência da covid longa. Com o título “Immunoglobulin A as a Key Immunological Molecular Signature of Post-COVID-19 Conditions” (Imunoglobulina A como marcador molecular e imunológico em Condições Pós-COVID-19), o estudo detectou que o anticorpo em altas doses pode ser um indicativo da ocorrência dos sintomas por mais de doze semanas, após a infecção.
Os dados disponibilizados pelo do Centro de Acolhimento e Reabilitação Pós-Covid de Macaé (CARP) foram essenciais para a realização do estudo, pois a unidade da Secretaria Municipal de Saúde foi pioneira no atendimento à população que apresentou sequelas persistentes após a infecção. “Os atendidos respondiam a formulários com detalhes clínicos, que foram utilizados, em associação com a dosagem de anticorpos, para indicar um marcador que pudesse auxiliar no diagnóstico da persistência dos sintomas. Ao longo de um ano, foram coletadas informações sobre manifestações mais frequentes (fadiga, dor muscular, perda de memória e dificuldade de concentração, entre outras), período de ocorrência, bem como o índice de vacinação dos pacientes atendidos. Além disso, monitoramos a produção de anticorpos, avaliando as Imunoglobulinas M, A e G. Esta parceria com o CARP foi essencial, pois quem apresentava a COVID longa passava por triagem e avaliação médica. A partir daí, com o conjunto de dados desses pacientes, obtivemos o resultado alcançado, o que não seria possível, com clareza e eficiência, sem esta colaboração”, esclareceu a 1ª autora e pesquisadora Graziele Fonseca de Sousa.
E a imunoglobulina A se tornou a grande “estrela” da pesquisa. Presente predominantemente nas mucosas, foi possível observar que a alta produção deste anticorpo está diretamente associada às sequelas da COVID. Ainda não se sabe o motivo deste aumento, mas ele é um importante indicador pois sua detecção é fácil, rápida e de baixo custo.
Segundo a diretora do Nupem e coordenadora da pesquisa, profª Cíntia Monteiro de Barros, “observamos que grande parte das pessoas que apresentavam sequelas não haviam sido vacinadas ou que tinham apenas uma dose da vacina, indicando, dessa forma, a importância da vacinação para não ter Covid-19 e consequentemente, as sequelas persistentes.
Além disso, com mais essa publicação de grande relevância regional, nacional e internacional, o Nupem tem se destacado como um polo qualificado de pesquisa no interior do Rio de janeiro, tanto sobre Covid-19 como futuramente estudando outras doenças emergentes.
Com esse estudo e com a implantação desse polo de pesquisa no Nupem, tecnologias inovadoras, desenvolvimento de novos fármacos e terapias, bem como auxílio a diagnósticos da Covid-19 e de outras doenças emergentes, beneficiarão a população macaense de forma pioneira“.
A pesquisadora reforça a importância da população, bem como os médicos locais, possam direcionar as pessoas com sequelas da doença para Centro de Acolhimento e Reabilitação Pós-Covid-19 de Macaé (CARP) para que o estudo possa ter continuidade.
Financiamento: Faperj – Editais E-26/210.822/2021 e E-26/201.005/2022