Os atobás-marrons Sula leucogaster são aves marinhas amplamente distribuídas na região tropical dos oceanos. As fêmeas são maiores que os machos, e isso pode levar a captura de diferentes tipos e tamanhos de peixes e lulas. Para avaliar se isso acontece na população de atobás do Arquipélago de Santana, pesquisadores do NUPEM/UFRJ deslocaram-se mensalmente à Ilha do Francês e das Calhetas entre junho de 2017 a maio de 2018. A pesquisa foi desenvolvida pela Dra. Patricia Mancini (pós-doutoranda PNPD do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais e Conservação) em colaboração com a egressa do curso de Ciências Biológicas do NUPEM, Emília Motta Valim e os Drs. Arthur Bauer e Luciano Fischer e publicada em dezembro de 2022 na revista científica Marine Biology (https://www.researchgate.net/publication/365897180_Intraspecific_trophic_variation_in_brown_booby_Sula_leucogaster_from_the_Southwestern_Atlantic
As fêmeas de atobás-marrons se alimentaram de 19 espécies de peixes (entre 5 a 40 cm de comprimento) e a sardinha Chirocentrodon bleekerianus foi a principal espécie consumida. Os atobás machos consumiram 13 espécies de peixes (entre 5 a 18 cm de comprimento), sendo o goete-maria-mole (Cynoscion guatucupa) a principal espécie consumida. Além disso, as fêmeas e machos consumiram presas diferentes durante o ano.
O próximo passo da pesquisa é saber se fêmeas e machos de atobás-marrons frequentam os mesmos locais para se alimentar. Para isso, rastreadores de satélites estão sendo utilizados pelos pesquisadores do NUPEM/UFRJ e de instituições parceiras (UFRGS e Institut de recherche pour le développement da França). Essas pesquisas são importantes linhas de base para avaliar possíveis impactos de empreendimentos previstos na região.
Este estudo foi realizado no âmbito do Projeto Costões Rochosos, que é uma medida compensatória estabelecida pelo Termo de Ajustamento de Conduta de responsabilidade da empresa PRIO, conduzido pelo Ministério Público Federal – MPF/RJ.
Texto: Patrícia Mancini