audiência pública sobre a despoluição da Lagoa de Imboassica, convocada pelo vereador Luciano Diniz (Cidadania), ocorreu no dia 26 de outubro, na Câmara Municipal de Macaé e contou com participação ativa do Nupem, desde a organização até a apresentação das condições atuais do corpo hídrico, feita pelo prof. Francisco Esteves, acompanhado pelos docentes Rodrigo Lemes e Maurício Molisani, e pelos pesquisadores Arthur de Barros Bauer – Pós-Doc – e Guilherme Sardemberg – Doutorado. Também estiveram presentes o procurador geral do Município, Dr. Fabiano Pascoal, e os secretários de Saúde, Educação, Saneamento, Meio Ambiente e representantes da sociedade civil de Macaé e Rio das Ostras diretamente envolvidos no tema.
Para a diretora geral do Nupem, profª Cíntia Monteiro de Barros, também presente à audiência, “a despoluição da Lagoa de Imboassica é urgente! A situação atual impacta, por décadas, o setor cultural, de lazer, bem como o meio ambiente e a saúde das pessoas. Esta lagoa já é estudada por nosso fundador, Prof. Francisco de Assis Esteves há 40 anos e outros pesquisadores. Vale lembrar que as pesquisas em Imboassica foram iniciadas em 1836, quando da passagem de Darwin por Macaé; ou mesmo antes, com o naturalista francês Saint Hilaire, em 1817. Podemos perceber que hoje, os peixes nativos tiveram suas populações reduzidas por conta da poluição, o que prejudica a população tradicional de seu entorno. Outro destaque é que a Lagoa poluída está diretamente relacionada à proliferação de zoonoses, como a dengue, zika e Chikungunya, dado o aumento de seus vetores, os mosquitos. A despoluição da Lagoa não é um benefício apenas para o meio ambiente, mas também para a saúde das pessoas, pois um não pode ser desvinculado do outro.”
Segundo o pesquisador Arthur Bauer “hoje podemos perceber que camarões, siris e os peixes nativos, como tainha, robalo, carapebas, entre outros tiveram suas populações fortemente reduzidas por conta da poluição, o que prejudica a população tradicional e a pesca de lazer eo turismo”. Outro destaque é que a Lagoa poluída, especialmente por esgoto não tratado, é fonte de várias doenças, como diarreias, hepatites, doenças de pele, entre outras. “Todos estes fatores tornam o uso da Lagoa Imboassica, especialmente como área de lazer, muito prejudicado”, destacou o pesquisador Gulherme Sardemberg. O professor Mauricio Molisani revelou, na sua apresentação, outra grave ameaça à lagoa Imboassica: o seu assoreamento, devido ao desmatamento e uso inadequado do solo, construções que expõe o barro, areia e outros materiais, que são transportados pelas águas das chuvas para dentro da Lagoa Imboassica. “O resultado são as frequentes enchentes, que trazem grandes prejuízos aos moradoresdas ruas no seu entorno”. Já o professor Rodrigo Lemes reforçou que “o modelo atual de uso da Lagoa Imboassica tem que ser alterado, para que um dos maiores patrimônios, do município de Macaé volte a prestar seus relevantes serviços à sociedade”. A apresentação dos pesquisadores do NUPEM foi finalizada pelo Prof. Francisco Esteves, ressaltando, que “a sociedade macaense está diante de uma oportunidade única, que não pode ser desperdiçada. Hoje temos, simultaneamente, recursos financeiros, apoio incondicional dos poderes executivo e legislativo, da sociedade civil e das diferentes instituições de pesquisa e ensino sediadas no município. Todas estas forças em sinergia, atuando para a restauração ecológica e social deste que é um dos maiores símbolos dos macaenses e do povo fluminense”.
Segundo o vereador Luciano Diniz, autor da proposta da audiência, “o prefeito Welbert deu total apoio à iniciativa, pois já está sendo negociada uma nova área para tratamento de esgoto em Macaé, incluindo o despejo zero de esgoto na Lagoa. E o Nupem foi fundamental, desde à organização à apresentação do prof. Francisco Esteves, que destacou a importância deste corpo hídrico. O prof. Francisco Esteves idealizou, ainda acampado na Lagoa há 40 anos, este instituto de pesquisa que tanto benefício traz para a população de Macaé na saúde, na educação, meio ambiente e na despoluição dos corpos hídricos também. Satisfação total com a participação do Nupem. Acredito que agora, com acompanhamento bimestral das ações deste coletivo, junto com o INEA, responsável pela fiscalização ambiental no Estado do Rio, vamos conseguir, até o final desta legislatura, apoiar todas as ações de curto, médio e longo prazo, como a despoluição e a questão do lodo assentado” Luciano Diniz finalizou informando que a próxima reunião já está agendada para o dia 11 de dezembro, às 14h.
Fotos: Tiago Ferreira/CMM