O Arquipélago de Trindade e Martin Vaz localiza-se a cerca de 1.100 km da costa do estado de Espírito Santo. Essa região abriga duas Unidades de Conservação: a Área de Preservação Ambiental (APA) de Trindade e Martin Vaz e o Monumento Natural (MONA) das Ilhas de Trindade e Martin Vaz e do Monte Columbia, e abrange uma rica biodiversidade, reconhecida globalmente, sendo, portanto, considerada área prioritária para conservação. Desde o seu descobrimento em 1501, a introdução de animais exóticos, como cabras e porcos, assim como a destruição da vegetação resultou no declínio populacional e extinção de espécies de aves marinhas dependentes de árvores e arbustos para conseguirem se reproduzir.
O arquipélago é área de reprodução de oito espécies de aves marinhas, sendo que três estão criticamente em perigo (CR) de extinção no Brasil. Essas espécies são: a grazina-de-trindade (Pterodroma arminjoniana), a fragata-pequena (Fregata ariel trinitatis) e a fragata-grande (Fregata minor nicolli). O atobá-de-pé-vermelho (Sula sula), que também nidificava na ilha, foi considerado extinto por muitos anos no local e voltou a ser avistado no local recentemente apenas em voo, ainda não se reproduzindo. As fragatas e o atobá nidificavam sobre a vegetação que foi extinta, sendo essa uma das causas para a redução dessas populações no Arquipélago.
Desde 1957, o Arquipélago sedia o Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade (POIT), ocupado permanentemente pela Marinha do Brasil, e posteriormente por pesquisadores do Programa de Pesquisas Científicas na Ilha da Trindade (PROTRINDADE). O PROTRINDADE gerencia as pesquisas científicas no arquipélago e nas áreas marítimas adjacentes.
Com a finalidade de sensibilizar os militares e os civis que trabalham na ilha para auxiliar no monitoramento das aves marinhas do arquipélago, em meados de 2021, materiais de divulgação foram elaborados por integrantes do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE/ICMBio), do projeto de Recuperação do Ecossistema TERrestre da ilha da Trindade (RETER-Trindade) e do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM/UFRJ). O NUPEM/UFRJ é representado pela pós-doutoranda (PNPD) Dra. Patricia Luciano Mancini.
Dois cartazes foram produzidos, um estimulando o registro fotográfico do atobá-de-pé-vermelho, e outro apresentando a diversidade das espécies e recomendações para colaborar na conservação das aves marinhas, com destaque ao monitoramento dos ninhos artificiais das fragatas implantados na Ilha da Trindade. A elaboração desse material faz parte de um dos objetivos do Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves Marinhas (PAN Aves Marinhas). Em breve, os cartazes impressos serão encaminhados ao POIT com auxílio da Marinha do Brasil. Essa é uma ação que integra diversas instituições em prol da pesquisa e conservação das aves marinhas no Brasil.
Saiba mais em:
https://www.marinha.mil.br/secirm/psrm/protrindade
https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/biodiversidade/pan/pan-aves-marinhas
Texto elaborado pela pesquisadora Patricia Luciano Mancini, Fernanda Pinto Marques e Patricia Pereira Serafini.