Era uma manhã chuvosa de 19 de setembro de 1815, quando o príncipe e célebre naturalista alemão Maximiliano Wied-Neuwied se alegrava em deixar sua conturbada parada em Macaé para dar início à primeira expedição científica rumo à “mata baixa que se estende da praia até as florestas”. “Ficamos contentes em deixar o Barreto, porque dois botequins ou vendas meteram a nossa gente em séries brigas. A viagem para o norte, ao longo da praia, é fatigante, em parte na areia solta, e, por isso, já era tarde do dia quando atingimos o lugar de destino” [Wied-Neuwied, M. (1826) Viagem ao Brasil – nos anos de 1815 a 1817. Coleção Braziliana].
Mal sabia Wied-Neuwied que 183 anos mais tarde, a “mata baixa” se transformaria no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, a maior unidade de conservação dedicada à preservação de restingas no país, e que o agitado “Barreto” (hoje o Bairro São José do Barreto) sediaria o NUPEM/UFRJ, cujas pesquisas seriam fundamentais para a criação e consolidação deste parque. Neste último dia 29 de abril, o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba completou seus 24 anos de existência, que foram merecidamente celebrados com uma rica programação cultural realizada pela Prefeitura Municipal de Carapebus, contando com a participação do NUPEM/UFRJ.
A programação em Carapebus incluiu uma exposição itinerante de mamíferos e aves taxidermizados do Espaço Ciência, que foi montada ao lado da exibição de fotos do fotógrafo Rômulo Campos. As visitas foram mediadas pelos estudantes do curso de Ciências Biológicas do NUPEM, e despertaram grande interesse do público de todas as idades, emocionados em conhecer de perto alguns dos animais que ocorrem no parque. Na solenidade à noite, o Prof. Francisco de Assis Esteves foi homenageado pela prefeitura por seus esforços e dedicação à preservação da Restinga de Jurubatiba e suas lagoas costeiras. O parque é hoje uma das regiões mais bem estudadas do Brasil e integra um conjunto internacional de sítios de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD).
No sábado, dia 30 de abril, as celebrações ficaram a cargo do ICMBio, que recebeu em sua sede em Macaé os alunos da Escola Técnica Municipal Natálio Salvador Antunes, da região serrana macaense. A visita contou novamente com a exposição itinerante do Espaço Ciência, onde os alunos puderam conhecer o ratinho-goitacá, mamífero endêmico de Jurubatiba, além de caminharem pelas trilhas do parque guiados por estudantes do projeto Vivenciar-Livre (PELD RLaC). Integrantes do projeto “Geoparque Costões e Lagunas do RJ”, capitaneados pela Profa. Dra. Kátia Mansur (Instituto de Geociências/UFRJ), apresentaram ao público a grande geodiversidade de Jurubatiba.
“Os eventos de comemoração só reforçaram o papel fundamental da sociedade para que o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba continue existindo e inspirando as futuras gerações. Vida longa e próspera Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba!” completou o Prof. Pablo R. Gonçalves, que representou o NUPEM durante as celebrações.









