Estudantes da UFRJ produzem uma reflexão coletiva sobre o hábito alimentar

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A alimentação é um fenômeno biológico essencial para nossas vidas, bem como uma necessidade fundamental para a sua manutenção. Alimento é vida. O alimento nos mantém e nos sustenta. Torna-se um elo que nos conecta com esse ciclo ecológico de sobrevivência e convivência com os seres que vivem nessa terra. No entanto, com o passar do tempo, o alimento não tem sido tratado com a importância que lhe é devida. Esse ato, cheio de significado, tem sido substituído por uma criação simbólica de que alimentar-se é uma tarefa, um momento que se leva um tempo que não pode ser gasto. As engrenagens não podem parar!

Agronegócio, agrotóxicos, monoculturas, concentração de terras, desperdícios, resíduos, fome e muitas outras problemáticas têm sido questões assombrosas que permeiam a alimentação atualmente. Esses fatores se somam às questões sociais, culturais, econômicas, ambientais e simbólicas que definem a compreensão daquilo que entendemos por “alimentar-se”. O ato de se alimentar tem sido construído sem noção de pertencimento e contato com a terra, com o plantio, com a realização das ações. Terceirizamos a beleza de colocarmos a mão na terra. Este distanciamento constitui o imaginário coletivo, divisor entre cidade/produção de alimento. Isso trouxe como pior das consequências o envenenamento de corpos e mentes.

Diante desse contexto, os alunes e o professor coordenador da disciplina Educação Ambiental do Nupem/UFRJ Macaé resolveram se manifestar e produzir um e-book. Ele nasceu na cozinha da disciplina, quando confabulamos, escolhemos os pratos e misturamos os nossos temperos. Tem indignação e raiva, mas tem também encantamento e desejo de conectar as Ciências Biológicas com a terra, com a produção de alimento e com dimensão poética e imaginária da vida.

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Imagem da capa e-book “Alimento, mente e ação: o (re)encantamento pela natureza”

É uma indignação sorridente, alimentada pelo entendimento de uma Educação Ambiental encantada. Busca fortalecer a imaginação e a livre expressão artística de cada membro da equipe. Inspirados pelas perspectivas da Agroecologia e Soberania alimentar, pelas poesias que desbravavam Manoel de Barros, pelas cirandas de Lia de Itamaracá, pelo arroz e feijão de Rubem Alves, pelas ideias que desafiam o fim do mundo, de Ailton Krenak e pelos caranguejos conectivos de Josué de Castro, materiais como poesias, desenhos, músicas, cartilhas, mapas, fotografias, recortes e colagens compõem esse e-book para além de informativo, “esperançador”.

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Imagem do e-book “Alimento, mente e ação: o (re)encantamento pela natureza”.

O objetivo do ebook é incomodar os leitores e leitoras de maneira radicalmente envolvente, com a noção de que ALIMENTAÇÃO é composto por ALImento + MENTe + AÇÃO. Ou seja, não existe alimento saudável sem o desenvolvimento de uma consciência e transformação da imaginação, além da ação prática individual e coletiva para sua produção. Juntamente a essa mensagem, outro objetivo, se não o principal, é mostrar, para cada leitor e leitora, que a crítica e a raiva, essa “justa raiva”, como diria Paulo Freire, pode ser encantadora, envolvente e semente de expressão e capacidade criativa de enfrentar os problemas do nosso tempo. Mostrar que é possível trazer alternativas e utopias que alimentem nossa imaginação e nossa realidade. Desejamos que este e-book seja mais uma contribuição para a imaginação de outros mundos possíveis, expandindo a criatividade e criando uma consciência coletiva de se expressar. Portanto, semeie! Plante! Germine! E claro, alimente-se, está delicioso! Por Bruno Vilela Vasconcelos e Rafael Nogueira Costa.