Entre o preto e o branco, há sutileza, sensibilidade e força no arco-íris composto pelos poemas de Cristiane Pires Teixeira. Sua poesia é diversa nos temas. Expõe jogos de poder da dominação capitalista e patriarcal e chama para a luta pelo direito à educação, ao ambiente saudável e ao respeito pela autonomia pessoal e pela diversidade. Entrelaça-se com esses temas a proclamação do amor e do prazer, o questionamento às identidades forjadas na contemporaneidade, a reflexão sobre a passagem do tempo e o desenho de utopias.

Assim, temas que estão na ordem do dia são trazidos à reflexão na medida em que a autora apela às sensações do corpo, à indignação e à alegria e, em vários poemas, evoca sua criança interior. Ora com leveza, ora com o peso que os temas carregam, questões sociais e subjetividades individuais se conectam e se misturam.

Talvez cause estranheza a publicação de um livro de poesias pela editora de um instituto universitário voltado, sobretudo, aos temas da sustentabilidade e da biodiversidade. De fato, todas as suas demais publicações, até o momento, têm um formato mais próximo ao que se convencionou entender como científico. Contudo, em um contexto em que os conhecimentos produzidos na universidade aparecem tão distantes do dia a dia da maior parte da população, faz todo sentido que temas caros à educação e à ciência se entrelacem com as dores e os prazeres do cotidiano e sejam trazidos à tona com outras linguagens. Provocando, a um só tempo, a emoção e a razão, o livro de Cristiane Pires é muito bem-vindo.