Cultivo da alga vermelha Palmaria palmata em Stavanger: estratégias para uma aquacultura sustentável

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De um modo geral, as algas vermelhas apresentam um ciclo de vida do tipo trifásico, sendo uma fase haploide (os gametófitos, isto é, organismos que produzem gametas masculinos e femininos), e duas fases diploides, sendo uma fase carposporofítica (fixa no gametófito feminino e que produz um tipo de esporo diploide denominado carpósporo) e outra fase esporofítica (ou seja, que produz esporos, mas neste caso, estes são haploides). Estes esporos haploides, por sua vez, irão gerar novos indivíduos haploides, os gametófitos femininos e masculinos, fechando assim o ciclo de vida. Entretanto, Palmaria palmata (L.) Weber & Mohr tem um ciclo de vida único dentro de algas vermelhas, devido à ausência de uma fase carposporofítica. As plantas esporofíticas, macroscópicas, se desenvolvem diretamente nos gametófitos femininos, microscópicos, fertilizados pelos gametas liberados pelas plantas masculinas também macroscópicas.

Embora o cultivo de P. palmata seja bem-sucedido em alguns países como a Irlanda e o Japão (Bizarro et al. 2022), em Stavanger ele ainda é incipiente em grandes fazendas marinhas. Para que isto aconteça, etapas iniciais em laboratório devem ser cuidadosamente conduzidas a fim de obter-se plantas livres de contaminantes (os epibiontes, como outras algas e pequenos invertebrados como briozoários) que utilizam os talos desta espécie para se desenvolverem.

No âmbito do projeto NorBra 2025: One Health perspective, a key for a sustainable future, que faz parte do convênio entre o Instituto NUPEM e a Universidade de Stavanger, a professora Lísia Gestinari, juntamente com o aluno de doutorado Gianluca Bizarro, o tecnólogo ambiental Cyril Egar e a professora Daniela Pampanin irão somar suas expertises com o intuito de testar diferentes metodologias em laboratório (isto é, cultivo in vitro) a fim de obter plantas saudáveis de Palmaria palmata para que sejam transportadas para tanques maiores (isto é, cultivo in door), até que atinjam tamanhos adequados para serem cultivadas nas fazendas marinhas com a finalidade de obtenção de biomassa, a qual será posteriormente destinada ao consumo humano (direta ou indiretamente).

A equipe realizou uma coleta no dia 06 de abril para obter exemplares de P. palmata do ambiente natural para dar início a uma série de experimentos em condições controladas de laboratório visando o crescimento de espécimes livres de contaminantes cujo objetivo final é obter o maior número possível de novos indivíduos. Estes serão mantidos em laboratório sob o cuidado da equipe para que então sejam transportados para tanques maiores. Num cenário de mudanças climáticas globais, obter alimentos saudáveis que poderão melhorar a nutrição humana visando diminuir a fome, a busca por alternativas de baixa relação custo-benefício é esperada e muito bem-vinda.