Colaboração interinstitucional de pesquisadoras resulta em artigo publicado no periódico Marine Pollution Bulletin

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Em todo o mundo, aves marinhas têm feito uso de resíduos sólidos como tampas plásticas, pedaços de isopor, linhas de nylon, cordas e até vidro na construção de seus ninhos. O maior risco no uso de lixo são os danos que sua ingestão acidental e emaranhamento podem causar, especialmente aos filhotes. Diversos pesquisadores têm investigado os resíduos sólidos presentes nos ninhos de diversas espécies de aves marinhas que se reproduzem em ilhas costeiras e oceânicas ao redor do mundo. Alguns estudos sugerem que o monitoramento desse material nos ninhos poderia ser utilizado como indicador da poluição no entorno das colônias de aves marinhas. Em geral, os pesquisadores usam duas maneiras para registrar e quantificar os resíduos sólidos nos ninhos: a remoção manual, quando as aves não estão nos ninhos, ou o registro fotográfico do ninho, para identificar e contar os resíduos a partir da imagem.

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Um ponto fundamental é saber a acurácia de ambas maneiras. Essa questão foi investigada no Trabalho de Conclusão de Curso de Liz Nunes da Costa, estudante do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas (UENF/CEDERJ) sob orientação da Dra. Patrícia Luciano Mancini (docente e pós-doutoranda PNPD do PPG-CiAC). Os ninhos de atobás-marrons (Sula leucogaster) localizados no Arquipélago de Santana, a cerca de 10 km da costa de Macaé, no Norte Fluminense, foram alvos da pesquisa.

Recentemente, o estudo foi publicado no prestigiado periódico científico Marine Pollution Bulletin sob o título “Comparing photography and collection methods to sample litter in seabird nests in a coastal archipelago in the Southwest Atlantic”. Além de de Liz, a mestranda do PPG-CiAC Tatiane Xavier e a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Yasmina Shah Esmaeili, completam o time de autoras do artigo e desta matéria de divulgação.

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Resumidamente, cada ninho foi fotografado e, em seguida, os resíduos sólidos foram coletados manualmente. Assim, as pesquisadoras identificaram e quantificaram os resíduos de maneira independente e depois compararam os resultados ente os dois métodos. A remoção manual registrou um número maior de resíduos sólidos (416 itens em 42% dos ninhos) em comparação com as fotografias (109 itens em 23% dos ninhos). A variedade média de categorias e de itens também foi maior na coleta manual (2,1; 2,13) do que nas fotografias (1,5; 0,56). Apesar da coleta manual ser o método mais utilizado, sua aplicação depende da vulnerabilidade da espécie de ave e do tempo para o trabalho de campo.

Embora as análises das imagens fotográficas tenham subestimado a quantidade e a frequência de resíduos nos ninhos, as autoras do estudo incentivam o uso desse método quando os resíduos são abundantes nos ninhos e/ou quando a espécie investigada é ameaçada de extinção, pois o registro fotográfico é menos invasivo que a coleta manual. Este estudo fornece dados empíricos e embasamento teórico para auxiliar pesquisadores em uma temática tão importante e urgente quanto o uso de lixo por espécies silvestres.

Confira aqui o artigo completo

Este estudo foi desenvolvido no âmbito do “Projeto Costões Rochosos: Ecologia Impactos e Conservação na Região dos Lagos e Norte Fluminense”. A realização do Projeto Costões Rochosos é uma medida compensatória estabelecida pelo Termo de Ajustamento de Conduta de responsabilidade da empresa Petrorio, conduzido pelo Ministério Público Federal – MPF/RJ, com implementação do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – Funbio. O Projeto Costões Rochosos viabilizou as expedições para o Arquipélago de Santana, bem como as amostragens dos ninhos de atobás-marrons.

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